segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Estruturas Dissipativas

O sistema freudiano é feito de trocas, de investimentos e de retiradas de energia com o mundo. Portanto, o segundo princípio da termodinâmica (qualquer transformação a entropia do sistema aumenta num grau máximo, e quando esse processo pára, o sistema permanece em estado de constância) já não se aplicaria, de início, ao discurso freudiano. Se em Freud há uma idéia de perda de energia, essa energia retomaria ao sujeito insistentemente, na tentativa de se ligar a algum grupo de representações.

Contudo, se a pulsão de morte não quer dizer realmente a morte em si mesma, ou a morte térmica, é necessário lembrarmos que se a pulsão de morte funcionar livremente, sem produzir ligações com as pulsões de vida, ela realmente pode levar à morte. Em “A denegação” (1925), Freud destaca que a função do julgamento corresponde à dualidade pulsão de morte x pulsão de vida, ele ressalta também o negativismo dos psicóticos, que é resultado de uma desfusão das pulsões efetuada através da retirada dos componentes libidinais, ou seja, da retirada de Eros e do trabalho solitário de Tânatos.

A teoria das estruturas dissipativas pode servir para ilustrar a criatividade das pulsões de morte, ou seja, para apontar que na entropia há possibilidades de produção de novas formas.

As possibilidades criativas da pulsão de morte só podem apresentar-se em sua ligação com a vida, no conflito pulsional: o trabalho da pulsão de morte só pode transformar-se em produção quando entra em confronto com as pulsões de vida.

Freud nos fala que a pulsão de morte é uma força regressiva e conservadora, enquanto que as pulsões de vida propiciam formas mais organizadas. É a pulsão de morte, com sua função “desequilibrante”, que vem reavaliar a idéia do normal em relação a um patológico, na medida em que o desequilíbrio faz parte do sujeito, e pode possibilitar o movimento da diferença.

A pulsão de morte vem expressar que no desequilíbrio pode haver um movimento contrário ã degradação, ou seja, um movimento criador de novas formas, que se manifestada no conflito pulsional. Portanto, a energia que irrompe das pulsões de morte, com seu caráter “desestabilizador” e “desequilibrante”, pode produzir uma positividade.

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