segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Recalcamento e patologia

O conceito de recalcamento está presente em toda a obra freudiana. Ele verificou que os pacientes não tinham à sua disposição determinadas recordações devido à resistência psíquica. Em 1915 Freud aprofundou a discussão do recalcamento, discutindo suas relações com os conceitos de pulsão, a noção de representação e o conceito de inconsciente. Segundo Freud, o recalcamento é responsável pela clivagem do psíquico em instâncias, “o inconsciente, e o pré-consciente/consciente”. O recalcamento é um dosdestinos possíveis que o representante ideativo pulsão pode sofrer, consistindo na tentativa de manter este impulso distante da consciência. O motivo deste afastamento seria que este impulso causaria desprazer e prazer ao mesmo tempo, em lugares diferentes. se a força motora do desprazer for mais vigorosa do que a do prazer, acontece o recalcamento.

Pensar a relação da patologia com o recalcamento, uma vez que este último é um processo que perrnite o advento do inconsciente, a clivagem do psíquico em instâncias, mas é também o que justifica a patologia o recalcamento é a condição da subjetividade, ou seja, se ele é uma característica comum aos sujeitos, a condição “normal” teria que ser relacionada com a clivagem do aparelho psíquico em instâncias,que é proporcionada pelo recalcamento. O recalcamento seria a condição da patologia, da criação de uma fobia ou de uma neurose. Qual seria então a especificidade do patológico em Freud, uma vez que o recalcamento faria parte da “normalidade”. E o normal e o patoloico são sempre singulares, não há uma norma absoluta no discurso freudiano. Freud se preocupado com a primazia do sentido do prazer. O aumento da quantidade de excitação intema seria sentido como desprazer e seu rebaixamento como prazer. Freud ressalta que as representações são investidas constantemente pela pulsão, só podendo ser mantidas no inconsciente se uma força igualmente constante for exercida em sentido contrário (Laplanche e Pontalis, 1986), há aqui a idéia de um equilíbrio dinâmico de forças no psiquismo.

Freud reconhece uma repetição em ato na análise, não podendo se contrapor às pulsões sexuais, ele já começa a se deslocar para o campo do que se dirige para além da representação que desembocará, a partir de 1920, no conceito de pulsão de morte. Assim, se este último conceito vem afirmar que a vida produz as condições em que ela mesma pode ser destruída, esse aspecto também permitirá uma reavaliação do modelo de normal e patológico no pensamento freudiano.

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