Documentário Sigmund Freud Legendado - 1/3
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Documentário Sigmund Freud Legendado - 2/3
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Documentário Sigmund Freud Legendado - 3/3
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Id, Ego, & Superego
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Filosofia & Psicanálise
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Conflito psíquico e patologia
A idéia de forças em oposição esteve presente no século XIX em vários campos do saber. Na fisiologia física, o princípio de conservação de energia apresentava a idéia de forças químico-físicas inerentes à matéria, redutíveis a forças de atração e repulsão. Freud de algum modo se inspirou e foi influenciado pela fisiologia física, pela medicina e pela biologia de seu tempo.
Em Freud, o conflito psíquico é constitutivo do sujeito, uma vez que ele baliza não só a concepção de aparelho psíquico, como também de patologia. Assim, desde “Estudos sobre a histeria” (1893), o conflito já aparecia na clínica de Freud.
Em 1900, o conflito reaparece atuando sobretudo nos sonhos, nas formas de funcionamento energético dos sistemas consciente e inconsciente: o inconsciente exerce uma ação permanente nos sonhos, de acordo com sua livre descarga de energia, contraria à força dos sistemas pré-consciente/consciente, que tentam vincular essa energia. O inconsciente é que a neurose é o resultado de um conflito entre os sistemas psíquicos; um conflito entre suas formas de funcionamento. Assim, o sistema inconsciente exerceria uma ação permanente nos sonhos e nos processos psíquicos, o que exigiria a ação de uma força contrária, da censura pré-consciente.
Em Freud, o conflito psíquico é constitutivo do sujeito, uma vez que ele baliza não só a concepção de aparelho psíquico, como também de patologia. Assim, desde “Estudos sobre a histeria” (1893), o conflito já aparecia na clínica de Freud.
Em 1900, o conflito reaparece atuando sobretudo nos sonhos, nas formas de funcionamento energético dos sistemas consciente e inconsciente: o inconsciente exerce uma ação permanente nos sonhos, de acordo com sua livre descarga de energia, contraria à força dos sistemas pré-consciente/consciente, que tentam vincular essa energia. O inconsciente é que a neurose é o resultado de um conflito entre os sistemas psíquicos; um conflito entre suas formas de funcionamento. Assim, o sistema inconsciente exerceria uma ação permanente nos sonhos e nos processos psíquicos, o que exigiria a ação de uma força contrária, da censura pré-consciente.
Conceito de Pulsão
Em 1894, Freud utilizou o termo “pulsão” em relação às tensões endógenas que buscavam soluções, e, em 1895, em relação aos estímulos endógenos que se colocavam no corpo como força. Em 1905, quando escreveu o artigo “Três ensaios de teoria sexual”, que este conceito de demarcação do psíquico com o corporal foi enunciado claramente. Para Freud, a sexualidade distingue-se da idéia de sexo identificada exclusivamente aos órgãos genitais: o corpo é constituído de zonas erógenas, passíveis de prazer sexual. Esta sexualidade está presente na infância, o que já expressa uma diferença de Freud para com sua época. Assim, desde a infância há um objeto e um alvo sexual atuantes. No entanto, durante o desenvolvimento, podem acontecer desvios da pulsão sexual, ou melhor, da escolha de objetos da pulsão sexual.
A idéia de “desvio” parte do pressuposto de que haveria um caminho correto ou normal a ser seguido, a partir de uma ordem dada. O próprio Freud nos fala disso, de “desvios em relação a uma norma suposta" (Freud, 1905: 84). Freud utiliza a terminologia “norma”. Parece que ele mesmo já adianta que a nomia é uma norma suposta em dado lugar, em dado tempo.
Ao remontar-se a Aristófanes no Banquete de Platão, Freud indica que a pulsão sexual se distingue de algo biológico: segundo Freud, por causa deste mito, as pessoas estariam romanticamente acostumadas a união entre homem e mulher. Contudo, existem uniões que não obedecem a essas regras, as uniões dos “invertidos”. Isso acontece porque o próprio alvo da pulsão sexual é variável, porque a pulsão transcende a ordem biológica. Assim, a degenerescência dos invertidos não pode ser considerada como uma causa determinante da inversão.
Em 1915 Freud coloca em uma nota de rodapé, que todos os seres humanos seriam capazes de fazer uma escolha homossexual. A partir do homossexualismo, ele vem relativizar o que seria normal e o que seria patológico na escolha de objetos pulsionais (Freud, 1905: 135).
E o que nos interessa: “Os insanos apresentam somente este desvio aumentado (...)” (Freud, 1905: 135). Freud ultrapassa o pensamento de sua época, ao relativizar o que é normal e o que é patológico em relação à sexualidade, por outro ele vem retomar a condição quantitativa na causa das doenças.a explicação da histeria passa pelo ponto de vista quantitativo, no sentido do excesso de excitações pulsionais que deveriam ser descarregadas (Freud, 1905: 135).
Portanto, entre a pressão pulsional e seu antagonismo à sexualidade, a doença oferece um caminho de fuga e de evasão do conflito, que transforma os impulsos pulsionais em sintomas.
A idéia de “desvio” parte do pressuposto de que haveria um caminho correto ou normal a ser seguido, a partir de uma ordem dada. O próprio Freud nos fala disso, de “desvios em relação a uma norma suposta" (Freud, 1905: 84). Freud utiliza a terminologia “norma”. Parece que ele mesmo já adianta que a nomia é uma norma suposta em dado lugar, em dado tempo.
Ao remontar-se a Aristófanes no Banquete de Platão, Freud indica que a pulsão sexual se distingue de algo biológico: segundo Freud, por causa deste mito, as pessoas estariam romanticamente acostumadas a união entre homem e mulher. Contudo, existem uniões que não obedecem a essas regras, as uniões dos “invertidos”. Isso acontece porque o próprio alvo da pulsão sexual é variável, porque a pulsão transcende a ordem biológica. Assim, a degenerescência dos invertidos não pode ser considerada como uma causa determinante da inversão.
Em 1915 Freud coloca em uma nota de rodapé, que todos os seres humanos seriam capazes de fazer uma escolha homossexual. A partir do homossexualismo, ele vem relativizar o que seria normal e o que seria patológico na escolha de objetos pulsionais (Freud, 1905: 135).
E o que nos interessa: “Os insanos apresentam somente este desvio aumentado (...)” (Freud, 1905: 135). Freud ultrapassa o pensamento de sua época, ao relativizar o que é normal e o que é patológico em relação à sexualidade, por outro ele vem retomar a condição quantitativa na causa das doenças.a explicação da histeria passa pelo ponto de vista quantitativo, no sentido do excesso de excitações pulsionais que deveriam ser descarregadas (Freud, 1905: 135).
Portanto, entre a pressão pulsional e seu antagonismo à sexualidade, a doença oferece um caminho de fuga e de evasão do conflito, que transforma os impulsos pulsionais em sintomas.
Conflito pulsional e patologia
Em 1910, Freud escreve um artigo intitulado “A concepção psicanalítica da perturbação psicogênica da visão”, no qual ele organiza claramente o conflito de pulsões que estão a serviço da sexualidade, da consecução da satisfação sexual - as pulsões sexuais - e pulsões cujo objetivo é a autoconservação - as pulsões do ego. A primeira teoria das pulsões, a instância defensiva egóica coincide com um dos pólos pulsionais, que se confronta com as pulsões sexuais. Mais tarde, com o segundo dualismo pulsional, o conflito será entre as pulsões de vida e as pulsões de morte.Freud coloca que a natureza das neuroses é oriunda do conflito entre as pulsões (Freud.1913: 184).
As neuroses ligam-se ao confronto dos interesses da sexualidade com os da autoconservação. Este confronto desencadearia o recalcamento, que por sua vez originaria a produção sintomática. Em outras palavras, o estado patológico remete-se a um conflito que causa desprazer, que aumenta o nível de energia no sujeito e, por conseqüência, produz o recalcamento.
Freud indica que o equilíbrio é sempre ameaçado, é um equilíbrio constantemente controlado, de uma estabilidade mantida contra as influências perturbadoras.
As neuroses ligam-se ao confronto dos interesses da sexualidade com os da autoconservação. Este confronto desencadearia o recalcamento, que por sua vez originaria a produção sintomática. Em outras palavras, o estado patológico remete-se a um conflito que causa desprazer, que aumenta o nível de energia no sujeito e, por conseqüência, produz o recalcamento.
Freud indica que o equilíbrio é sempre ameaçado, é um equilíbrio constantemente controlado, de uma estabilidade mantida contra as influências perturbadoras.
Retomando a clínica psicanalítica
No final do século XIX Freud se deparou com os limites da hipnose como técnica de tratamento. Com o abandono da hipnose, a tarefa passou para a descoberta, com as associações livres do paciente. A resistência deveria ser comandada pela interpretação, e a transferência era um obstáculo ao tratamento, uma falsa ligação, que deveria ser tomada consciente e eliminada (Freud, 1914).
Em 1909, nas “Cinco lições de psicanálise”, que Freud sublinha o papel da transferência como aliada, apontando que somente no espaço transferencia, que os sintomas poderiam ser solucionados. Entre 1912 e 1915, Freud retoma a questão da transferência no tratamento.
Segundo Freud, todo ser humano adquire um meio específico de se conduzir na sua vida amorosa. Isso resulta num ou vários “clichês estereótipos”, que são repetidos e reimpressos de maneira regular na trajetória da vida. Esses clichês também dirigem à figura do psicanalista.Mas o que instiga Freud é o fato de a transferência surgir também como uma poderosa resistência ao tratamento, o que desemboca na idéia de que há “forças cuja meta são a saúde e aquelas que a contrariam" (Freud, 1912: 101). É a partir desse contexto que Freud fala que há uma transferência positiva e uma negativa no tratamento, respectivamente, de sentimentos afetuosos e hostis. Nas formas curáveis de psiconeuroses, os dois tipos de transferência encontram-se juntos, expressando a ambivalência de sentimentos (Freud, 1912).
Podemos dizer que a idéia de focalizar o sintoma.expressando uma tentativa de localizar o fator traumático, provando assim as hipóteses sobre a patologia do sujeito. Quando Freud abandona a tentativa de colocar em foco um problema ou um momento específicos, sugerindo uma “atenção flutuante" do analista frente a tudo que escuta, uma mudança estratégica parece se configurar: do lado do analisando, este deve deixar-se levar pelas associações livres; e do lado do analista, este deve deixar sua atenção focalizada em suspenso e ao mesmo tempo tentar dissolver as resistências criadas no campo da análise, ou seja, tudo o que pode impedir o acesso à verdade do inconsciente.
A clínica freudiana do final do seculo XIX, segundo a qual tentava-se criar um sistema fechado e neutro para que se obtivesse a cura. Agora, a psicanálise não quer mais provar algo: a ambição veriñcacionista se desloca para dar ênfase à relação intersubjetiva entre o analista e o analisando e aos obstáculos ao curso da fala. Nesse sentido, não importa nem mesmo se o analisando vai discordar ou concordar com a interpretação do analista: o que importa é que se mantenha o trabalho de associações livres no campo transferencial.
A Repetição na Transferência No artigo “Recordar, repetir e elaborar” (1914), Freud coloca que o analisando começa o tratamento por uma repetição na transferência, trazendo para primeiro plano a problemática da compulsão à repetição (Freud, 1914: 153).
Para transformar a compulsão à repetição em recordação, é necessário um trabalho do analisando junto ao analista: “É preciso dar tempo ao enfermo para concentrar-se na resistência. Somente no apogeu da resistência se descobrem, os impulsos puncionais recalcados que a alimentam e que em virtude dessa vivência o paciente se convence de sua existência e poder” (Freud, 1914: 157).
O recurso principal para dominar a compulsão à repetição e transforma-la num motivo para recordar reside no manejo da transferência. Assim, tenta-se tomar a compulsão inócua e útil, na qual a neurose comum pode transformar-se numa neurose de transferência.
Podemos concluir,dizendo que até há uma idéia de laboratório no discurso freudiano por volta de 1912, 1914, mas indícios de que Freud já está repensando esse lugar de “experimentador”.
“O recordar, não podia menos que provocar a impressão de um experimento de laboratório. O repetir, no curso do tratamento psicanalítico, segundo essa técnica mais nova, equivale a convocar um fragmento da vida real (Freud, l9l4: 153-4).
Em 1909, nas “Cinco lições de psicanálise”, que Freud sublinha o papel da transferência como aliada, apontando que somente no espaço transferencia, que os sintomas poderiam ser solucionados. Entre 1912 e 1915, Freud retoma a questão da transferência no tratamento.
Segundo Freud, todo ser humano adquire um meio específico de se conduzir na sua vida amorosa. Isso resulta num ou vários “clichês estereótipos”, que são repetidos e reimpressos de maneira regular na trajetória da vida. Esses clichês também dirigem à figura do psicanalista.Mas o que instiga Freud é o fato de a transferência surgir também como uma poderosa resistência ao tratamento, o que desemboca na idéia de que há “forças cuja meta são a saúde e aquelas que a contrariam" (Freud, 1912: 101). É a partir desse contexto que Freud fala que há uma transferência positiva e uma negativa no tratamento, respectivamente, de sentimentos afetuosos e hostis. Nas formas curáveis de psiconeuroses, os dois tipos de transferência encontram-se juntos, expressando a ambivalência de sentimentos (Freud, 1912).
Podemos dizer que a idéia de focalizar o sintoma.expressando uma tentativa de localizar o fator traumático, provando assim as hipóteses sobre a patologia do sujeito. Quando Freud abandona a tentativa de colocar em foco um problema ou um momento específicos, sugerindo uma “atenção flutuante" do analista frente a tudo que escuta, uma mudança estratégica parece se configurar: do lado do analisando, este deve deixar-se levar pelas associações livres; e do lado do analista, este deve deixar sua atenção focalizada em suspenso e ao mesmo tempo tentar dissolver as resistências criadas no campo da análise, ou seja, tudo o que pode impedir o acesso à verdade do inconsciente.
A clínica freudiana do final do seculo XIX, segundo a qual tentava-se criar um sistema fechado e neutro para que se obtivesse a cura. Agora, a psicanálise não quer mais provar algo: a ambição veriñcacionista se desloca para dar ênfase à relação intersubjetiva entre o analista e o analisando e aos obstáculos ao curso da fala. Nesse sentido, não importa nem mesmo se o analisando vai discordar ou concordar com a interpretação do analista: o que importa é que se mantenha o trabalho de associações livres no campo transferencial.
A Repetição na Transferência No artigo “Recordar, repetir e elaborar” (1914), Freud coloca que o analisando começa o tratamento por uma repetição na transferência, trazendo para primeiro plano a problemática da compulsão à repetição (Freud, 1914: 153).
Para transformar a compulsão à repetição em recordação, é necessário um trabalho do analisando junto ao analista: “É preciso dar tempo ao enfermo para concentrar-se na resistência. Somente no apogeu da resistência se descobrem, os impulsos puncionais recalcados que a alimentam e que em virtude dessa vivência o paciente se convence de sua existência e poder” (Freud, 1914: 157).
O recurso principal para dominar a compulsão à repetição e transforma-la num motivo para recordar reside no manejo da transferência. Assim, tenta-se tomar a compulsão inócua e útil, na qual a neurose comum pode transformar-se numa neurose de transferência.
Podemos concluir,dizendo que até há uma idéia de laboratório no discurso freudiano por volta de 1912, 1914, mas indícios de que Freud já está repensando esse lugar de “experimentador”.
“O recordar, não podia menos que provocar a impressão de um experimento de laboratório. O repetir, no curso do tratamento psicanalítico, segundo essa técnica mais nova, equivale a convocar um fragmento da vida real (Freud, l9l4: 153-4).
Metapsicologia, narcisismo e pulsões
Em 1915, Freud incrementou o pólo econômico do psiquismo. Ele retomou a questão do traumatismo, destinos das pulsões, deu relevo ao conceito de recalcamento, ampliou o conceito de inconsciente e a noção de representação, falou de um narcisismo estruturante do sujeito, colocando que o ego contém libido, o que vinha problematizar a primeira teoria pulsional. Com esses trabalhos a questão da patologia foi mais enriquecida.
Em I9l4, Freud escreve um artigo intitulado “Introdução ao narcisismo” e coloca que há um narcisismo primário e normal nos sujeitos, remontado à localização dos investimentos da libido no ego. O narcisismo surge deslocado em direção a um ego ideal que se acha possuído de perfeição e valor, identificado com um ideal narcísico de onipotência. Segundo Freud, o desenvolvimento da estrutura egóica consiste no afastamento do narcisismo primário, ocasionado pelo deslocamento da libido em direção a um ideal do ego imposto de fora.
Em 1916, na conferência “Os caminhos da formação do sintoma”, Freud confirma esse raciocínio: “Não nos basta uma análise puramente qualitativa das condições etiológicas. É decisivo o fator quantitativo para a capacidade de resistência de contração da neurose.
Freud ressalta vários pontos importantes. Primeiro, dá relevo ao fator econômico na contração da neurose. Fator econômico se remete às formas de investimento da libido,ele aponta que cada sujeito pode dar destinos diferentes às quantidades de excitação, originando, por exemplo, uma sublimação.
Essa idéia de que o sujeito pode dar diferentes destinos às quantidades de excitação prepara a discussão trazida por Freud em 1915 no artigo “As pulsões e seus destinos”. Segundo Freud, a pulsão 6 um estímulo constante,ou melhor, ela atua como um impacto constante, o que expressa uma de suas características principais, a força. O alvo da pulsão é sempre a satisfação, que só pode ser alcançada cancelando o estado de estímulo na fonte da pulsão. A satisfação é a
redução da tensão provocada pela força.
O objeto da pulsão é a coisa através da qual ela atinge seu alvo.Um laço extremamente íntimo e cristalizado da pulsão com o objeto se dá através da fixação, que põe fim à sua mobilidade e é característica das patologias. A quarta característica da pulsão é sua fonte. Freud coloca que, por fonte, entende-se o processo somático, interior a um órgão ou a uma pane do corpo, cujo estímulo é representado na vida psíquica pela pulsão.
Podemos observar que os quatro componentes pulsionais - a força, o alvo, o objeto e a fonte - obedecem ao funcionamento do princípio do prazer. Pois se o que se coloca como pano de fundo de toda essa discussão é o fato de que o aparelho psíquico tende a fugir do desprazer, a pulsão vem, naturalmente, sublinhar essa tendência da vida psíquica. Assim, a fonte corporal produz uma tensão, que se coloca como força e exige um trabalho, um movimento que evite o desprazer para atingir o alvo pulsional, ou seja, a satisfação. a idéia de patologia que Freud nos apresenta nessa época obedece ao funcionamento do princípio de prazer, que é ainda mais enriquecido com o relevo do pólo econômico.
De acordo com Freud, o sujeito pode dar quatro destinos ãs pulsões: a reversão ao oposto; o retomo em direção ao eu; o recalcamento e a sublimaçãos. Essas vicissitudes são consideradas como modalidades de defesa contra as pulsões. A sublimação é considerada como uma dessexualização da pulsão sexual, uma mudança no alvo pulsional.
Em I9l4, Freud escreve um artigo intitulado “Introdução ao narcisismo” e coloca que há um narcisismo primário e normal nos sujeitos, remontado à localização dos investimentos da libido no ego. O narcisismo surge deslocado em direção a um ego ideal que se acha possuído de perfeição e valor, identificado com um ideal narcísico de onipotência. Segundo Freud, o desenvolvimento da estrutura egóica consiste no afastamento do narcisismo primário, ocasionado pelo deslocamento da libido em direção a um ideal do ego imposto de fora.
Em 1916, na conferência “Os caminhos da formação do sintoma”, Freud confirma esse raciocínio: “Não nos basta uma análise puramente qualitativa das condições etiológicas. É decisivo o fator quantitativo para a capacidade de resistência de contração da neurose.
Freud ressalta vários pontos importantes. Primeiro, dá relevo ao fator econômico na contração da neurose. Fator econômico se remete às formas de investimento da libido,ele aponta que cada sujeito pode dar destinos diferentes às quantidades de excitação, originando, por exemplo, uma sublimação.
Essa idéia de que o sujeito pode dar diferentes destinos às quantidades de excitação prepara a discussão trazida por Freud em 1915 no artigo “As pulsões e seus destinos”. Segundo Freud, a pulsão 6 um estímulo constante,ou melhor, ela atua como um impacto constante, o que expressa uma de suas características principais, a força. O alvo da pulsão é sempre a satisfação, que só pode ser alcançada cancelando o estado de estímulo na fonte da pulsão. A satisfação é a
redução da tensão provocada pela força.
O objeto da pulsão é a coisa através da qual ela atinge seu alvo.Um laço extremamente íntimo e cristalizado da pulsão com o objeto se dá através da fixação, que põe fim à sua mobilidade e é característica das patologias. A quarta característica da pulsão é sua fonte. Freud coloca que, por fonte, entende-se o processo somático, interior a um órgão ou a uma pane do corpo, cujo estímulo é representado na vida psíquica pela pulsão.
Podemos observar que os quatro componentes pulsionais - a força, o alvo, o objeto e a fonte - obedecem ao funcionamento do princípio do prazer. Pois se o que se coloca como pano de fundo de toda essa discussão é o fato de que o aparelho psíquico tende a fugir do desprazer, a pulsão vem, naturalmente, sublinhar essa tendência da vida psíquica. Assim, a fonte corporal produz uma tensão, que se coloca como força e exige um trabalho, um movimento que evite o desprazer para atingir o alvo pulsional, ou seja, a satisfação. a idéia de patologia que Freud nos apresenta nessa época obedece ao funcionamento do princípio de prazer, que é ainda mais enriquecido com o relevo do pólo econômico.
De acordo com Freud, o sujeito pode dar quatro destinos ãs pulsões: a reversão ao oposto; o retomo em direção ao eu; o recalcamento e a sublimaçãos. Essas vicissitudes são consideradas como modalidades de defesa contra as pulsões. A sublimação é considerada como uma dessexualização da pulsão sexual, uma mudança no alvo pulsional.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Recalcamento e patologia
O conceito de recalcamento está presente em toda a obra freudiana. Ele verificou que os pacientes não tinham à sua disposição determinadas recordações devido à resistência psíquica. Em 1915 Freud aprofundou a discussão do recalcamento, discutindo suas relações com os conceitos de pulsão, a noção de representação e o conceito de inconsciente. Segundo Freud, o recalcamento é responsável pela clivagem do psíquico em instâncias, “o inconsciente, e o pré-consciente/consciente”. O recalcamento é um dosdestinos possíveis que o representante ideativo pulsão pode sofrer, consistindo na tentativa de manter este impulso distante da consciência. O motivo deste afastamento seria que este impulso causaria desprazer e prazer ao mesmo tempo, em lugares diferentes. se a força motora do desprazer for mais vigorosa do que a do prazer, acontece o recalcamento.
Pensar a relação da patologia com o recalcamento, uma vez que este último é um processo que perrnite o advento do inconsciente, a clivagem do psíquico em instâncias, mas é também o que justifica a patologia o recalcamento é a condição da subjetividade, ou seja, se ele é uma característica comum aos sujeitos, a condição “normal” teria que ser relacionada com a clivagem do aparelho psíquico em instâncias,que é proporcionada pelo recalcamento. O recalcamento seria a condição da patologia, da criação de uma fobia ou de uma neurose. Qual seria então a especificidade do patológico em Freud, uma vez que o recalcamento faria parte da “normalidade”. E o normal e o patoloico são sempre singulares, não há uma norma absoluta no discurso freudiano. Freud se preocupado com a primazia do sentido do prazer. O aumento da quantidade de excitação intema seria sentido como desprazer e seu rebaixamento como prazer. Freud ressalta que as representações são investidas constantemente pela pulsão, só podendo ser mantidas no inconsciente se uma força igualmente constante for exercida em sentido contrário (Laplanche e Pontalis, 1986), há aqui a idéia de um equilíbrio dinâmico de forças no psiquismo.
Freud reconhece uma repetição em ato na análise, não podendo se contrapor às pulsões sexuais, ele já começa a se deslocar para o campo do que se dirige para além da representação que desembocará, a partir de 1920, no conceito de pulsão de morte. Assim, se este último conceito vem afirmar que a vida produz as condições em que ela mesma pode ser destruída, esse aspecto também permitirá uma reavaliação do modelo de normal e patológico no pensamento freudiano.
Pensar a relação da patologia com o recalcamento, uma vez que este último é um processo que perrnite o advento do inconsciente, a clivagem do psíquico em instâncias, mas é também o que justifica a patologia o recalcamento é a condição da subjetividade, ou seja, se ele é uma característica comum aos sujeitos, a condição “normal” teria que ser relacionada com a clivagem do aparelho psíquico em instâncias,que é proporcionada pelo recalcamento. O recalcamento seria a condição da patologia, da criação de uma fobia ou de uma neurose. Qual seria então a especificidade do patológico em Freud, uma vez que o recalcamento faria parte da “normalidade”. E o normal e o patoloico são sempre singulares, não há uma norma absoluta no discurso freudiano. Freud se preocupado com a primazia do sentido do prazer. O aumento da quantidade de excitação intema seria sentido como desprazer e seu rebaixamento como prazer. Freud ressalta que as representações são investidas constantemente pela pulsão, só podendo ser mantidas no inconsciente se uma força igualmente constante for exercida em sentido contrário (Laplanche e Pontalis, 1986), há aqui a idéia de um equilíbrio dinâmico de forças no psiquismo.
Freud reconhece uma repetição em ato na análise, não podendo se contrapor às pulsões sexuais, ele já começa a se deslocar para o campo do que se dirige para além da representação que desembocará, a partir de 1920, no conceito de pulsão de morte. Assim, se este último conceito vem afirmar que a vida produz as condições em que ela mesma pode ser destruída, esse aspecto também permitirá uma reavaliação do modelo de normal e patológico no pensamento freudiano.
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