Em 1915, Freud incrementou o pólo econômico do psiquismo. Ele retomou a questão do traumatismo, destinos das pulsões, deu relevo ao conceito de recalcamento, ampliou o conceito de inconsciente e a noção de representação, falou de um narcisismo estruturante do sujeito, colocando que o ego contém libido, o que vinha problematizar a primeira teoria pulsional. Com esses trabalhos a questão da patologia foi mais enriquecida.
Em I9l4, Freud escreve um artigo intitulado “Introdução ao narcisismo” e coloca que há um narcisismo primário e normal nos sujeitos, remontado à localização dos investimentos da libido no ego. O narcisismo surge deslocado em direção a um ego ideal que se acha possuído de perfeição e valor, identificado com um ideal narcísico de onipotência. Segundo Freud, o desenvolvimento da estrutura egóica consiste no afastamento do narcisismo primário, ocasionado pelo deslocamento da libido em direção a um ideal do ego imposto de fora.
Em 1916, na conferência “Os caminhos da formação do sintoma”, Freud confirma esse raciocínio: “Não nos basta uma análise puramente qualitativa das condições etiológicas. É decisivo o fator quantitativo para a capacidade de resistência de contração da neurose.
Freud ressalta vários pontos importantes. Primeiro, dá relevo ao fator econômico na contração da neurose. Fator econômico se remete às formas de investimento da libido,ele aponta que cada sujeito pode dar destinos diferentes às quantidades de excitação, originando, por exemplo, uma sublimação.
Essa idéia de que o sujeito pode dar diferentes destinos às quantidades de excitação prepara a discussão trazida por Freud em 1915 no artigo “As pulsões e seus destinos”. Segundo Freud, a pulsão 6 um estímulo constante,ou melhor, ela atua como um impacto constante, o que expressa uma de suas características principais, a força. O alvo da pulsão é sempre a satisfação, que só pode ser alcançada cancelando o estado de estímulo na fonte da pulsão. A satisfação é a
redução da tensão provocada pela força.
O objeto da pulsão é a coisa através da qual ela atinge seu alvo.Um laço extremamente íntimo e cristalizado da pulsão com o objeto se dá através da fixação, que põe fim à sua mobilidade e é característica das patologias. A quarta característica da pulsão é sua fonte. Freud coloca que, por fonte, entende-se o processo somático, interior a um órgão ou a uma pane do corpo, cujo estímulo é representado na vida psíquica pela pulsão.
Podemos observar que os quatro componentes pulsionais - a força, o alvo, o objeto e a fonte - obedecem ao funcionamento do princípio do prazer. Pois se o que se coloca como pano de fundo de toda essa discussão é o fato de que o aparelho psíquico tende a fugir do desprazer, a pulsão vem, naturalmente, sublinhar essa tendência da vida psíquica. Assim, a fonte corporal produz uma tensão, que se coloca como força e exige um trabalho, um movimento que evite o desprazer para atingir o alvo pulsional, ou seja, a satisfação. a idéia de patologia que Freud nos apresenta nessa época obedece ao funcionamento do princípio de prazer, que é ainda mais enriquecido com o relevo do pólo econômico.
De acordo com Freud, o sujeito pode dar quatro destinos ãs pulsões: a reversão ao oposto; o retomo em direção ao eu; o recalcamento e a sublimaçãos. Essas vicissitudes são consideradas como modalidades de defesa contra as pulsões. A sublimação é considerada como uma dessexualização da pulsão sexual, uma mudança no alvo pulsional.
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