A angústia era entendida por volta de 1915 como um resultado da falha do recalcamento, em que o desprazer não foi contido. O critério estabelecido era o do princípio do prazer, o da busca de uma estabilidade e um equilíbrio intemo. No artigo “O ego e o id” (1923), Freud coloca que o próprio ego é a sede real de angústia, indicando que é a angústia que produz o recalcamento, e não o recalcamento que produz a angústia. É a angústia do ego que põe em movimento o recalcamento, primária e estruturante do sujeito, e o ego auxilia o recalcamento na tentativa de capturar algo não elaborado.
Em 1926, Freud supera a distinção genérica entre angústia neurótica e angústia real. Para Freud, o problema do perigo se remete à capacidade de o sujeito lidar com a magnitude do perigo, ou seja, seu reconhecimento de desamparo face a esse perigo: desamparo físico se o perigo for real, e desamparo psíquico se o perigo for pulsional. Uma situação de desamparo desta espécie. Freud chama de situação traumática. A angústia é a reação originária frente ao desamparo no trauma. Quando o
ego desencadeia o sinal de angústia, ele procura evitar ser submergido pelo aparecimento da angústia automática, através de uma repetição ativa de algo
que havia vivido passivamente.
“ Freud retoma as relações do masoquismo com o princípio do prazer e o princípio de Nirvana em seu texto “O problema econômico do masoquismo” (1924), colocando que o principio de Nirvana expressa a tendência da pulsão de morte, enquanto que o princípio de prazer representa as exigências da libido. Sendo assim, o ruasoquismo primário remonta ao estado livre da pulsão de morte (Birman, 1989: 147). A questão do desamparo pode se afirmar de forma ainda mais marcante a partir da postulação da pulsão de morte, uma vez que esta última aponta o que escapa ao campo
representacional. Essa experiência, que é vivida como terror pelo sujeito. Remonta à incapacidade de dominação das excitações impelidas ao psíquico e pode expressar-se sobretudo através do trauma. De acordo com Freud, o traumatismo é primeiramente uma ameaça ao ego-corpo É uma ameaça à vida, que se liga ao medo da morte pelo ego.
O complexo de castração também se firma a partir da pulsão de morte: a experiência da castração é um impacto, que trará suas conseqüências psíquicas dependendo das relações quantitativas de quanto dano é causado e de quanto pode ser evitado.
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